Capolavoro, sim!!

Capolavoro, sim. Não no sentido de obra-prima, mas de prima obra. Este blog é destinado a todos aqueles que queiram trocar idéias sobre a vida, as leis, viagens e sentimentos.
Seja bem-vindo!

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Vivemos uma época de escassez de tempo no jornalismo.
Falta tempo para que estagiários e recém-formados amadureçam profissionalmente antes de receberem tarefas mais complexas.
Falta tempo para que produtores busquem novas fontes, esmiucem o assunto e ofereçam novos ângulos para o tema.
Falta tempo para que editores, distanciados da paixão do momento e do impacto da entrevista, discutam e ajustem o texto com o repórter.
Falta tempo para que gestores acompanhem, questionem e orientem a própria equipe.
Falta tempo até para que os empresários do nosso setor entendam que o principal valor de um veículo jornalístico é a credibilidade, que redações mega enxutas, com salarios arrochados e cobranças descomunais erram mais, apesar do esforço de todos, e que os equívocos frequentes comprometem a imagem do veículo e, a médio prazo, o lucro que advem dele.
Falta tempo.

terça-feira, 15 de abril de 2014

Livro pra quê?



          Quantos livros você leu nos últimos 30 dias? Se consumiu ao menos 1 volume,  você faz parte dos 30 por cento de brasileiros que conseguem começar e terminar uma obra em um mês. O dado é a da pesquisa  Target Group Index , do Ibope Media,  realizada  entre julho de 2011 e agosto e 2012, em  9 capitais, entre elas Salvador, e cidades do interior de São Paulo e regiões sul e sudeste.  

30% dos brasileiros leêm 1 livro por mês


Os mais otimistas podem avaliar como um bom número para um país em desenvolvimento ou emergente, como preferir. Mas veja o outro lado: 70 por cento dos brasileiros não leram sequer 1 livro  em um mês, nem mesmo um técnico ou didático. Os motivos são muitos: dificuldade de acesso, preço, falta de aproximação e até analfabetismo, seja ele de fato ou funcional.





          Quando se fala em economia, menos pode ser mais. Esse é um mercado com grande potencial.  Hoje 500 editoras nacionais, internacionais e mistas atuam por aqui.Nos últimos 20 anos houve a profissionalização do setor,  com a ampliação de grandes companhias e a adesão de algumas editoras a novos formatos, como o e-book. Esse é um segmento econômico que pouco pode reclamar do “custo Brasil” , é isento de impostos desde 2004 e quando da sanção da lei acreditava-se na redução de 10 por cento no preço de cada volume. Por outro lado, há o custo da obra, da pesquisa, do autor, sem contar o papel,  na maioria dos casos ainda importado. Nas “melhores” livrarias,  encontradas em ruas e shoppings, os chamados best-sellers são o carro chefe, assim como livros didáticos. Um clássico da literatura internacional, nem sempre é localizado, principalmente nas grandes redes. Em uma oportunidade, procurei um livro de Honoré de Balzac, qualquer um , na Saraiva do shopping Barra e não havia nenhum volumezinho sequer. O vendedor se surpreendeu com o meu susto e disse “ Ah, esse tipo de obra é pouco procurado”.

           Voltando ao mercado editorial, o preço pode mesmo ser um impeditivo a boa parte da população. Um best-seller médio, chega a custar 50 reais, quase 7 por cento do salário mínimo em vigor no país. Com a cesta básica beirando os R$ 270,00 na capital baiana, não é mesmo fácil. Ok, vc deve pensar, mas e as bibliotecas. Há dificuldades aqui também . Poucos profissionais, prédios defasados e ainda um distanciamento do público em geral. Chega a ser inquietante  perceber que muitos, a exemplo do que ocorre em museus, têm medo de entrar em uma biblioteca grandiosa como a dos Barris. E quem entra sabe o que procurar ? Aonde estão aqueles velhos bibliotecários da minha época de infância, que  tinham tempo e disposição para ajudar, orientar, sugerir ? Poucos ainda sobrevivem.




As feiras

           As feiras literárias, que tomaram corpo no sudeste do país, também já ganham espaço na Bahia. A Flica, Feira Literária de Cachoeira, encheu a cidade com saberes literários e até protesto contra uma blogueira cubana fez parte do repertório dos que amam ou gostariam de amar os livros. Esse ano, em Salvador, tem Flipelô, que pretende espalhar pelos cantos e recantos do Pelourinho a arte de escrever, volumes, mesas com autores... a possibilidade de quem nunca tocou em uma obra de pegá-la, senti-la, apreciá-la. E há ainda os vale-livros nas bienais, mas por aqui, os investimentos são menores que no sul e sudeste. Em 2010, Rio de Janeiro e são Paulo investiram R$ 12 mi cada um , contra R$ 250 mil na Bahia, garante a Câmara Brasileira do Livro. Eu aliás sou fã do livro impresso. Gosto do cheiro e do toque. De abraça-lo, comer em cima dele enquanto leio e até adormecer sonhando com a viagem que faço, tendo o autor como guia .Ainda são poucos os que têm esse privilégio.
Existem tentativas de aproximação que vão  longe das já tradicionais bienais e feiras, há cidades, como São Paulo, em livros podem ser comprados no Metrô. A preços módicos, vc coloca o dinheiro em uma máquina, e sai com uma história todinha para degustar. Outra possibilidade está na palma das mãos e na ponta dos como dizem os enlouquecidos por tecnologia. Os e-books, bem mais baratos que os volumes convencionais, podem ser o caminho para os jovens que vivem conectados e de olho no celular.

Alternativas para os novos

          Do outro lado, há também as pequenas editoras, afinal, quem se ocupa dos  novos autores  que não têm a sorte de uma Elisabeth Gilbert, aquela de Comer, Rezar, amar  de tornar-se  conhecida no primeiro escrito. Está certo que ela penou para terminar a história, mas quando o fez, ganhou fãs em todo o mundo.A auto-publicação já ocupa 10 % do segmento do mercado editorial nacional. Na Bahia, o mais recente movimento  foi a criação do Selo João Ubaldo ribeiro, através do qual a fundação Gregório de Matos se comprometeu a selecionar a publicar obras de autores soteropolitanos todos os anos.

A tecnologia também pode colaborar com os que chegam agora ao mercado.Há plataformas gratuitas como  Kindle Direct Publishing, em que vc mesmo  produz  e formata o volume e aplicativos para a publicação de histórias, até mesmo em capítulos. O wattpad é um deles. Basta um cadastro e  vc tem acesso a inúmeros volumes, em várias linguas e pode também começar a construir seu próprio texto. Esse app costuma ser usado por quem quer testar os dotes de autor, já  que permite comentários , votos em textos e até mensagens privadas com recomendação de leitores. Perfeita interação entre quem escreve  e quem consome, quem gera, transforma e cria algo novo. Nada mais parecido com o ciclo da cultura.



          E nesse ciclo virtuoso de transmissão de conhecimento, gestos singelos podem tirar da inércia aqueles que ainda não tiveram a oportunidade de experimentar um mundo novo em uma viagem literária. A campanha "Esqueça um Livro" está presente em várias cidades do país e prega o desapego literário... se você já leu, compartilhe. Sob  mote "quem encontra, leva pra casa e depois esquece também. Assim o conhecimento se espalha", milhares de volumes já foram esquecidos em bancos de praças, ônibus , metrôs e outros locais públicos como forma de proporcionar mais acesso à cultura e incentivar a leitura. No entanto, não podemos perder de vista que só pode desgustá-la quem sabe desvendar os símbolos, quem sabe ler. 
8,7% dos brasileiros não sabem ler
          Em janeiro deste ano, a Unesco, braço das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, divulgou um relatório em que o Brasil aparece  como o  8º lugar em analfabetismo entre 150 países avaliados. Segundo dados do IBGE colhidos em 2012, 8,7% dos brasileiros com mais de 15 anos não sabem ler, ou seja, cerca de 13,2 milhões de jovens e adultos estão alijados do contato com o conhecimento através das letras. Para a UNESCO  o problema se relaciona diretamente à má qualidade da educação e a falta de atrativos nas aulas, além do treinamento pouco qualificado dos professores
       O acesso à cultura, especialmente à literária, não está apenas ligado  à questão econômica, mas, sim, aos problemas sócio-econômicos. Uma criança que não aprende a ler e escrever na escola, que se torna um adolescente analfabeto funcional ou chega à idade adulta sem conseguir interpretar um texto, dificilmente verá atrativos em um volume, não raro terá resistência a absorver cultura através das letras. Se o exemplo dos pais é fundamental no amor pelas letras e, se essas são um dos pilares da transmissão cultural,  uma base adequada, de experimentação e contato  é a coluna mestra para a disseminação da cultura através dos livros.

terça-feira, 15 de maio de 2012

...e 2012 veio cheio de surpresas e novos desafios. Pretendo ser mai assidua aq no blog.

sábado, 31 de dezembro de 2011

Venha 2012, venha ser gauche no mundo, venha ser droit, venha ser como vc será...mas, venha leve e gentil.Se trouxer escuridão, traga também a luz. Seja um Capolavoro e inesquecível pro bem sempre.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

SEM NOBLESSE E SEM OBLIGE

Os laços permissivos da educação se alargam dia após dia em nossa sociedade.
No século passado, meninos de internato eram obrigados, por qualquer deslize, a ajoelhar no milho, rezar ladainhas ou o terço para se tornarem civilizados. "Noblesse oblige" diziam os mestres a qualquer um que dobrasse meia perna por cansaço ou apoiasse o braço.

Hoje, as salas de aula, sem milho , sem nobreza e sem obrigações formais se transformam em zoológicos , em que animais de todos os tipos fazem questão de se mostrar presentes. Professores leões, que abanam as jubas e usam o poder da canetada  para que a pata possa atingir vítimas que não os respeitam pelo porte e pelo cargo, já que há poucos docentes-corujas, que gritam na hora certa e agrupam animais em volta pela experiência e pelo que têm a passar.
Alunas hienas riem pelos cantos das salas, aguardam a prova com uma cola no colo  e tentam mostrar-se maiores que os outros.... talvez inimigos?


Alunos coelhoes que fazem de uma universidade não um local para o pensamento , mas uma área para o "transamento", assim como os lobos alfa, que enchem os peitos e afiam os olhos por trás dos óculos.
Discentes felinas que num cio perpétuo miam alto, abanam os rabos e se esfregam até mesmo em paredes.
Estudantes caninos cuja fidelidade aos mestres os impedem de questionar.
Há de tudo nesse zoo, que se diz bem educado, sem nobreza, sem obrigações e sem civilidade. A educação, a civilização diria Freud, converte o perverso pequeno, mas as leis simbólicas estão tão esgarçadas que talvez hoje nas universidades haja mais perversos que neuróticos.

O pior de todos é o aluno orca, em extinção. Parece violento aos que não o conhecem, talvez pelo conhecimento que traz ou pela grandeza aparente.É gregário, gosta de manadas, mas devende-se sozinho na selva da sala. Este está sempre à espera de um arpão.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

vingança e justiça: braços da balança

Alguns crimes, principalmente os considerados hediondos, inspiram sentimentos difíceis de serem assumidos. Em casos chocantes ou de grande apelo popular é comum ouvir a multidão gritar “justiça, justiça”. E o que seria essa justiça? Se o suspeito fosse entregue ali àquele grupo, o que faria ele? Iria julgá-lo de acordo com as normas jurídicas do país? Será que ele teria um defensor, além da própria mãe ou da mulher (nós, sempre tão sensíveis e abertas a acolher os nossos). Seriam ouvidas testemunhas ou o acusado, preste atenção, apenas acusado seria arrastado pelas ruas, linchado sob os mesmos ou bem próximos padecimentos da vítima, que deram origem aquela cena, dessa vez protagonizada por chamadas pessoas de bem?
 A vingança é uma das emoções mais primitivas e se antes a lei de Talião permitia cobrar olho por olho, dente por dente, a norma jurídica hoje determina justiça, cega, mas não surda... A espada da mão direita só se levanta conforme a inclinação dos pratos da balança da mão direita.
O acusado tem direito a advogado de defesa, testemunhas e um júri justo. Condenado, talvez passe por algo similar ao que poderia ter ocorrido na rua, senão um linchamento físico, ao menos, um moral. A espada da justiça é um alerta para aqueles que, como o capitão Ahab, se deixam invadir a tal ponto pela vingança que entregam a própria vida e afundam no mar atrás da extraordinária baleia branca e jamais retornam.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Sinais

O que leva o ser humano a acreditar em sinais? sejam eles de ordem divina, inconsciente coletiva ou de algum espírito que passe por ali e lhe diga: essa é sua última chance. As coincidências, se é que podemos chamá-las assim, ocorrem diariamente e são realmente o que o sentido estrito da palavra exterioriza: simultaneidade de dois acontecimentos.... e quantos fatos ocorrem a cada segundo? e minuto? multiplique isso por 1.440 e vc terá  as ocorrências do dia... siga multiplicando por todo um período da vida.... ora, não seria natural  que com tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo algumas delas coincidissem??? aquele encontro no shopping com alguém que vc não vê há anos, a matéria discutida ontem na redação e que hoje é capa de um outro jornal hoje, o desejo intenso e  a quase realização dele, bastando para tanto um estalar de dedos. Por que encaramos esssas situações como mágicas, como integrantes do inconsciente coletivo ou um verdadeiro sinal.... e mais, sinal divino, já que terreno só não basta. Talvez esse signo, esse símbolo externo, nos dê coragem ou autorização para exercitar um  desejo interno e não permitido por nós mesmos... buscamos , então, um pretexto, uma justificativa  que valide nossa vontade. Mas, fico pensando, será mesmo que encontrar alguém que não vejo há muito, subitamente, em um shopping ou receber a visita de um amigo de longa data, que chega de repente do outro lado do Atlântico, não significa nada....bom, minha certeza é que esses fatos, pelo menos significam desejo... de vê-los, claro.